Nem risos, nem choradeira
em minha essa mortuária.
Quero apenas, em madeira,
pequena cruz solitária.
Junto ao rio serpeava a velha estrada,
copiando-lhe a forma caprichosa;
ladeando a estrada, uma árvore frondosa
destacava-se àquela madrugada.
Numa curva da estrada sinuosa,
à margem esquerda, tosca cruz fincada,
sobre uma cova rasa abandonada,
formava uma paisagem dolorosa.
Nem data, nem um nome assinalava
o corpo que na cova descansava.
Chorar por ele, lamentar, quem há de?
Mas da manhã eu vi, na frouxa luz,
que o rocio pingava sobre a cruz,
como um tristonho pranto de saudade.
Autoria: Romildes de Meirelles
(Trova e soneto do livro ENTARDECER)