domingo, 24 de julho de 2016

Minha Santa


Pintura de NADEZHDA STRELKINA


Para HELENA

Há muito eu descobri, querida, o que é ternura,
o que é dedicação, o que é cuidado e amor.
Pois em ti encontrei, quando imerso na dor,
a presença a meu lado, imaculada e pura

de uma esposa fiel, tratando com doçura,
do mal que havia em mim. Jamais tanto vigor
vi em frágil mulher. E é maior seu valor
porque muito depressa adveio minha cura.

Mas agora eu confesso, estando já curado
querer uma outra vez ficar adoentado
tendo sempre, porém, comigo bem juntinho

esta frágil mulher, esta sublime santa
para cuidar de mim com suavidade tanta
que me inunde de amor de ternura e carinho.

Autoria: Romildes de Meirelles
(Soneto do livro ENTARDECER)


O Poeta Não Morre






Para Eno Theodoro Wanke

Parte um poeta!... Luto na poesia!...
Mas não termina a vida do escritor,
do artista da palavra, trovador
e poeta que dá-nos a alegria,

de seus versos, cantando todo o amor
que lhe vai na alma, e o canta com mestria.
Não, não morre o poeta. Este escultor
da palavra, do amor, e da harmonia,

há de viver por toda a eternidade
deixando aqui apenas a saudade
entre as palavras que podemos vê-las,

compondo estrofes lindas com seus versos,
que se amontoam pelo céu dispersos
no rastro luminoso das estrelas.


Autoria: Romildes de Meirelles
(Soneto do livro ENTARDECER)



Cego


Pintura de MAGDALENA OWLL





















Se sofre quem nasce cego
e que não verá jamais,
sofre muito mais,não nego,
quem já viu e não vê mais.




Eu já não vejo o despontar do dia
Nem quando o sol se esconde no ocidente,
não vejo a luz da lua alvinitente,
iluminando a noite longa e fria.

Não vejo as cores como outrora eu via
nem o desbrochar da flor ridente,
já não vejo o oceano onipotente
lançar-se em fúria contra a penedia.

Já não enxergo as coisas que eu mais quero,
porém sou forte e não me desespero
nem deixo que em meus olhos role o pranto,

pra isto, guardo fundo na lembrança
o encantador soriso da criança
e o vulto da mulher que eu amo tanto.

Autoria: Romildes de Meirelles
(Trova e soneto do livro ENTARDECER)