quinta-feira, 28 de julho de 2016

No Jazigo do Poeta






           Ao Saudoso Poeta FRANCISCO IGREJA

- Vem coveiro, mostrar por piedade
onde descansa meu querido amigo;
quero prestar ao pé de seu jazigo
o meu último preito de amizade.

Eu quero ver seu derradeiro abrigo
e matar em meu peito esta saudade;
se foi a morte uma fatalidade,
foi para nós, poetas, um castigo.

- Eis, senhor, nesta cova escura e fria
jaz o poeta e toda sua poesia.
- Aqui?! Aqui?! Oh, não, mentes, coveiro!

Não nesta cova pequenina, abjeta,
pois pra conter os versos do poeta
até mesmo é pequeno o mundo inteiro!


Autoria: Romildes de Meirelles
(Soneto do livro ENTARDECER)


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