Quarto em Arles - Pintura de Vincent Van Gogh, 1a. versão, 1888, Museu Van Gogh) |
Noite de angústia e pavor...
Um sonho de amor desfeito
mata o coração de dor
preso ao cárcere do peito
Na escuridão da noite, em meu quarto deserto
somente a solidão, palpável, espectral
está a meu redor. Uma angústia feral
povoa a noite escura. Um grilo, ali por perto,
arranha asperamente o silêncio augural,
como um presságio mau. No céu, um livro aberto,
vejo nos astros, todo o meu destino incerto,
e o meu sonho de amor em convulsão mortal.
Monótono pulsar do coração enfermo
traspassa o umbral do quarto e ressoa lá fora
quebrando aquela paz que existe em lugar ermo.
Doente e insone, amargo em meu tristonho leito
esta angústia cruel, que sem pressa devora
o coração que jaz no cárcere do peito.
Autoria: Romildes de Meirelles
(Trova e soneto do livro ENTARDECER)