Como é triste o fim da tarde!...
ouvir repicar o sino
envolve a alma em um ar de
amor místico e divino.
Não queira conhecer o sofrimento
daquele que não vê. É uma tortura
imaginar a cor na mente escura
que vê o mundo apenas pardacento.
Não poder enxergar, do firmamento,
o passeio do sol, na curvatura,
nem o brilho da estrela que fulgura
ou a beleza do sol no nascimento.
Já que não posso ver com precisão,
pois vou ficando aos poucos sem visão,
eu fico ouvindo o murmurar das cores
e na triste renúncia desta vida,
escuto na minha alma dolorida
o silencioso renascer das flores.
Autoria: Romildes de Meirelles
(Trova e soneto do livro ENTARDECER)
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