Pintura de António Duarte (Portugal) |
Eu já cantei o céu, a terra, o mar,
cantei a lua, o sol, cantei as flores,
cantei prazeres, risos, cantei dores
e a natureza estou sempre a cantar.
Do meu amor, cantei-lhe o terno olhar,
cantei-lhe a alma em todos os seus pendores;
cantei rainhas, príncipes e senhores,
canções de amor eu vivo a entoar.
Mas a partir de hoje já jurei,
apenas um assunto eu cantarei,
hoje, amanhã ou sempre que eu quiser,
Com viola, piano ou violão,
vibrando a prima ou ferindo o bordão,
só canto canto que cante a mulher.
Autoria: Romildes de Meirelles
(Soneto do livro ENTARDECER)