domingo, 24 de julho de 2016

Cego


Pintura de MAGDALENA OWLL





















Se sofre quem nasce cego
e que não verá jamais,
sofre muito mais,não nego,
quem já viu e não vê mais.




Eu já não vejo o despontar do dia
Nem quando o sol se esconde no ocidente,
não vejo a luz da lua alvinitente,
iluminando a noite longa e fria.

Não vejo as cores como outrora eu via
nem o desbrochar da flor ridente,
já não vejo o oceano onipotente
lançar-se em fúria contra a penedia.

Já não enxergo as coisas que eu mais quero,
porém sou forte e não me desespero
nem deixo que em meus olhos role o pranto,

pra isto, guardo fundo na lembrança
o encantador soriso da criança
e o vulto da mulher que eu amo tanto.

Autoria: Romildes de Meirelles
(Trova e soneto do livro ENTARDECER)


Um comentário:


  1. Se já não consegue ver com os olhos, leia com o coração que enxerga muito e bem mais, poeta!

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